Nossa múltipla personalidade e a Ditadura da Mente

 

 

 

 

 

 

Oi pessoal, li esse parágrafo do livro A Teia da Vida, de Capra e me veio um reflexão sobre a percepção do Eu como uma coisa única:

Finalmente, a autopercepção surge quando usamos a noção de um objeto e os conceitos abstratos associados para descrever a nós mesmos. Desse modo, o domínio lingüístico dos seres humanos se expande mais, de modo a incluir a reflexão e a consciência.

Esta frase me fez pensar uma coisa muito estranha. Que o uso excessivo da linguagem pode talvez distorcer nossa percepção do mundo, da existência e no caso desta frase, de nós mesmos.

Sempre tentamos unificar coisas múltiplas, dando a elas um único nome que as represente em sua totalidade. Mas, a menos que não reflitamos sobre o assunto, depois que unificamos alguma coisa não a percebemos mais como um sistema integrado, mas sim como uma unidade, singular, sólida e inseparável.

A partir dessa nossa mania de unificar tudo em objetos únicos, demos a nós mesmos o rótulo de Eu. Definimos a nós mesmos como uma única coisa, um objeto. O eu é único, sou eu, não posso ser muitos se sou eu. Mas se percebermos não somos uma coisa única, porque temos o corpo que sente e a mente que pensa. E o corpo é dividido em milhares de outras estruturas menores que o formam: órgãos, células, organelas… E a mente… quem disse que ela é única? Quem sabe a mente também seja dividida em muitas partes distintas. Ou quem sabe, todas as nossas partes tenham uma consciência, não só a mente. Como se o corpo físico tivesse a sua consciência própria, a consciência corporal, depois teríamos a mente autoreflexiva baseada no domínio da linguagem, depois uma mente emocional que domina as emoções e sentimentos, uma intuitiva talvez relacionada com outras entidades, não sei ainda… E todas essas mentes se comunicam, conversam e ajudam a tomar decisões.

Ou seja, pelo fato de termos nominado a nós mesmo como Eu e temos sido dominados por uma consciência puramente lingüística, acabamos ignorando nossas outras consciências: corporal, emocional e intuitiva. Não percebemos que somos a soma de muitas partes. E por isso a existência dos nossos diálogos internos. Onde a razão e os sentimentos conversam e tentam achar uma solução para um relacionamento, onde a mente e o corpo físico se comunicam para jogar futebol, onde a mente e o corpo intuitivo se comunicam para ter novas idéias, criatividade e invenções, onde o corpo intuitivo e corpo físico se comunicam e geram os reflexos. Isto também explicaria por que não conseguimos entender alguns tipos de aprendizagem, porque não aprendemos apenas com o corpo mental, mas com uma pluralidade, a qual denominamos Eu. Temos que acabar com a tirania da mente e começar a viver e perceber o mundo nesta pluralidade. Garantindo a liberdade de expressão dos nossos múltiplos corpos, ouvi-los e respeitar as suas opiniões. Pois, as vezes dominados apenas pela tirania da mente e da linguagem, ignoramos os pronunciamentos dos outros corpos.

Ignorando o corpo, não percebemos suas necessidades e assim geramos doenças, obesidade e comportamentos alimentares completamente desregulados, já que não comemos quando temos fome, mas quando determinamos que deveríamos comer. As vezes nos machucamos mas continuamos a praticar esportes, temos dor nas costas e continuamos a sentar tortos, e assim por diante… Do mesmo modo, o corpo intuitivo muitas vezes nos sugere idéia e soluções que parecem inexplicáveis pela mente e por isso as descartamos automaticamente.

O objetivo deste post é exatamente este, a descoberta da pluralidade do Eu e a partir desta consciência respeitar a sua múltipla dimensionalidade, acabando com a tirania da mente e vivendo em maior equilíbrio com nós mesmo.

E por isso quando amamos nos sentimos conectados internamente. Pois não amamos apenas com o corpo físico, mas também com o emocional, compartilhamos conceitos do corpo mental que geram novas idéia inovadoras junto ao corpo intuitivo. Isso explica também porque tantas vezes amamos tão profundamente alguém e nem entendemos o que realmente amamos na pessoal. Pois o amor está além do corpo físico, é a união de nossos múltiplos corpos, pluridimencional…

Aprender a confiar na intuição nos dá autoconfiança. Ampliamos nossa percepção e começamos a descobrir que existe um mundo muito amplo e inexplicável que nos rodeia e ao qual de alguma forma estamos conectados. Quanto mais nos exercitamos nesta prática, mais as idéias vão brotando e fluindo inexplicavelmente. Se souberem como e com quem nos conectamos me avisem, eu estou tentando descobrir empiricamente.

Bjao

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